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O Espírito Santo no seio da Santíssima Trindade


Como preparação para a Festa de Pentecostes, a partir desta semana, este espaço de formação trará as reflexões catequéticas elaboradas por Reinaldo Beserra dos Reis para a Novena de Pentecostes. A cada semana apresentaremos a reflexão catequética correspondente a um dia da novena.
Deus é só um, mas em três modos de ser, de existir. Da única essência, da única natureza divina, participam três pessoas divinas. Estas pessoas são absolutamente iguais quanto à natureza, à essência, quanto à onipotência e à santidade, mas são distintas, pois que uma não é igual a outra, e inclusive se manifestam conjuntamente a nos (no batismo de Jesus, por exemplo). “Aquele que é o Pai não o Filho, e Aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho.” (Concílio de Toledo, 675, DS). Além disso, podemos falar apropriadamente de diferentes missões divinas (processões): uma é a missão do Filho e outra é a missão do Espírito Santo – ainda que, sempre quando age, Deus age trinitariamente.
A isto chamamos de mistério da Santíssima Trindade. E mistério e sempre mistério; se o compreendêssemos em totalidade, não seria mistério. Mas, às vezes dá-se-nos a impressão de que alguns mistérios são mais “misteriosos” que outros. Este da Santíssima Trindade, por exemplo. Realmente, não é nada fácil dentro da nossa lógica humana, aceitar, sem uma certa inquietude, a realidade de três pessoas num só Deus.
As três pessoas divinas, por si, já são um mistério. Das três, porém, a mais “misteriosa” é, por assim dizer, a pessoa do Espírito Santo. Porque Ele não tem um rosto (como o Cristo), não tem uma imagem (como a que fazemos do Pai), não tem um “sinônimo” a que possamos nos agarrar.
De fato, o Espírito veio até nós de modo misterioso, sutil, “interior”. E não há nenhum mal em termos mais dificuldades em entendê-Lo. O que não podemos permitir é que, diante desta maior dificuldade em compreendê-Lo, acabemos por rejeitá-Lo a um segundo plano em nossa espiritualidade, deixando-O “de lado” nas nossas orações, nem nossa devoção, em nosso relacionamento com a Trindade.
Só ousamos falar desse mistério – coisa que jamais descobriríamos por nós mesmos – porque Deus tomou a iniciativa em revelá-lo a nós, e, pacientemente, através dos séculos, foi gradativamente partilhando conosco a Sua própria vida íntima e misteriosa. E se Deus se revelou em três pessoas, é porque é da vontade dele que nós O conhecemos e O amemos em suas três maneiras de ser. Pois quanto mais O conhecermos, mais O amaremos e compreenderemos Seu plano amoroso e suas intenções em nossas vidas.

FONTE: BESERRA DOS REIS, Reinaldo. Celebrando Pentecostes: fundamentação e novena. Editora RCC BRASIL. Porto Alegre-RS)